Os sinais do caráter golpista da estratégia opositora são evidentes, e não há saída que não seja através de um movimento popular e democrático.
Breno Altman - Opera Mundi
A aprovação de mudanças na Lei de
Diretrizes Orçamentárias, obtida no final da madrugada desta quinta-feira, não
sustou ou debilitou a escalada conservadora.
Apesar da vitória parlamentar, evitando explosão de uma crise fiscal no colo da presidente, como era desejo da oposição de direita, o governo segue acuado.
Os partidos conservadores,
associados à velha mídia, tomam carona na manipulação de denúncias provenientes
da Operação Lava Jato e tentam manter o oficialismo sob fogo cerrado.
Os sinais do caráter golpista da
estratégia opositora são evidentes.
Mesmo que suas principais
lideranças ainda considerem insuficientes as condições políticas e jurídicas
para abrir processo de impedimento, as operações de desgaste e sabotagem não
escondem o propósito desestabilizador.
Não há surpresa no comportamento
do PSDB e o resto da matilha, a bem da verdade. Durante a campanha já era
evidente, pelo discurso de alguns próceres, que a aliança reacionária se
jogaria de corpo e alma no enfrentamento.
Nunca esconderam a intenção de
deslegitimar a presidente, empurrá-la contra as cordas e, se possível, abortar
o mandato conferido pelas urnas.
Tampouco deixam
dúvidas sobre o plano de desconstruir o PT e o ex-presidente Lula antes
das eleições de 2018.
O que espanta é a inação
governista desde o final de outubro.
Apesar de resoluções combativas,
o petismo parece tomado pela apatia e o cansaço político. A reclamar do
golpismo, por infração às regras democráticas, mas sem adotar comportamento
resoluto e massivo, capaz de interromper as tramoias.
A tomada das galerias do
parlamento por um punhado de delinquentes remunerados, durante a votação da
LDO, foi simbólica desta política de guarda-baixa.
Por que o PT e o PC do B não
convocaram sua militância para ocupar as arquibancadas do parlamento, em defesa
da proposta do governo?
Por que a presidente não foi
seguidamente à televisão e ao rádio, em entrevistas e em rede, para indicar o
que estava em jogo na decisão sobre o superávit primário?
Por que os instrumentos de
comunicação do governo não foram acionados para explicar do que se tratava a
batalha em torno da LDO?
De qual manual o governo extraiu
a lição que o melhor remédio contra a politização da direita seria a
despolitização da esquerda?
O Planalto parece aprisionado
pela orientação defensiva adotada depois do triunfo eleitoral, contaminando
partidos e movimentos que constituem sua base de apoio.
A presidente e sua equipe mais
próxima empenham-se em providências e discursos para apaziguar o capital
financeiro, o ruralismo, os meios de comunicação, os centros imperialistas, as
frações centristas que flertam com a direita, os próprios partidos de direita.
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