sábado, 28 de janeiro de 2012

A estagnação da economia e os desafios do Ano Novo

Dezembro chegou anunciando o fim de ano e emitindo sinais preocupantes sobre a economia nacional. O PIB estagnou no terceiro trimestre e promete desempenho igualmente decepcionante nos últimos meses de 2011.

Há ainda quem acredite que estamos indo bem, tendo em vista a situação dramática de alguns países  europeus, mas isto revela uma visão conformista e conservadora da realidade. O mundo vive um cenário de crise geral do capitalismo, mas a interrupção do crescimento da economia nacional não é um mero reflexo da instabilidade global. Suas principais causas são internas, radicadas na política econômica conservadora, subordinada aos interesses da oligarquia financeira.

O governo começou o ano anunciando um corte de R$ 50 bilhões nos gastos e investimentos públicos e o aumento subsequente do superávit primário, destinado ao pagamento dos juros. Entre janeiro e julho, o Banco Central realizou cinco rodadas consecutivas de alta da Selic e complementou o aperto monetário com medidas para conter o avanço do crédito.

As autoridades não esconderam o objetivo de tudo isto: conter o ritmo de crescimento. Era o que exigia o coro conservador liderado pela mídia neoliberal e a oposição demo-tucana, sob o pretexto de que a inflação estava saindo dos trilhos. As centrais sindicais condenaram o ajuste fiscal e a alta dos juros, alertando para o caráter recessivo de tais iniciativas.

A estagnação econômica é a prova de que os representantes dos trabalhadores estavam certos. A crise na Europa e nos EUA contribuiu para o crescimento do PIB em um nível abaixo do esperado, mas a conjuntura atual ainda não é comparável à de 2008, quando o crédito internacional secou subitamente e o comércio exterior despencou. Desta vez não há como negar que a culpa maior é da política econômica.

A partir de agosto, ao perceber o recrudescimento da crise internacional, o governo fez uma flexão tática. O Banco Central começou a reduzir as taxas de juros, ainda que lentamente, e o Ministério da Fazenda adotou um modesto pacote de estímulos à produção, com destaque para as desonerações fiscais e proteção contra a concorrência estrangeira em alguns ramos da indústria.

As medidas são positivas e traduzem o compromisso do governo Dilma com o desenvolvimento, mas ainda são tímidas e conservadoras. É preciso maior ousadia para avançar na direção de um novo projeto de desenvolvimento nacional, que pressupõe outra política no plano econômico, com taxas de juros civilizadas, redução do superávit primário e o fortalecimento do mercado interno por meio da valorização do trabalho.

Não existe um caminho sem obstáculo nesta direção. A força do conservadorismo na política econômica não deriva de falsas virtudes científicas, mas do poder da oligarquia financeira, que centraliza capital e tem forte influência sobre os principais meios de comunicação do país.

Não é possível mudar sem contrariar os interesses desta casta reacionária. E isto pressupõe o fortalecimento da unidade, da mobilização e das lutas da classe trabalhadora, em sintonia e aliança com amplos segmentos da sociedade, incluindo representantes do chamado setor produtivo. É esta a lição do ano que se vai e um dos principais desafios da CTB e das demais centrais no Ano Novo

Fonte: Editorial da Revista Visão Classista - dezembro de 2011

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