quarta-feira, 25 de maio de 2011

LÍNGUA & LINGUAGEM

Os jornal cumpanhêro
Por Carlos Brickmann em 24/5/2011

Ripa dos principais meios de comunicação no livro que endossa frases como "os livro foi emprestado" ou, mais deliciosa ainda (pena que não esteja lá!), "as história mais interessanta forum apagada". Mas quem mais bate no livro cumpanhêro parece tê-lo transformado em Manual de Redação. O que se lê nos jornais e na Internet é um português aterrorizante.

De uma coluna muito lida, noticiando um acordo pelo qual uma empresa aérea de um grande país iniciará voos para o Brasil: "Em troca, (a nação) vai registrar as aeronaves da Embraer, o que a permite comprar aviões (...)"

O professor Pasquale certamente corrigiria a regência para "lhe permite". Mas, quando o livro cumpanhêro vira manual, tudo é possível. Até a frase seguinte, que certamente Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, de rigorosa formação escolar em seminário, não disse, mas é atribuída a ele: "O passado de cada ministro não cabe ao governo fazer nenhum tipo de investigação".

Há uma delícia esportiva: "O juiz (...) exitou em assinalar o pênalti".

Este colunista tem a impressão de que nem o livro cumpanhêro "exitaria" em apontar o erro no texto.

É preciso reconhecer que herrar é umano. Erra-se por uma série de motivos: porque a frase foi modificada e o redator se esqueceu de adaptar o restante do texto à nova forma, porque houve falha na digitação, porque o autor da matéria não conhecia mesmo a forma correta, porque na pressa o erro passou batido. Tudo isso faz parte do jogo. Mas o desconhecimento total da regência não faz parte do jogo. Frases sem sentido em destaque não fazem parte do jogo. E baixar o cacete num livro que defende formas alternativas de usar o idioma, ao mesmo tempo em que se trata o idioma a pontapés, é simplesmente ridículo.

O portinglês

Winston Churchill, primeiro-ministro britânico na Segunda Guerra Mundial, conta no magnífico Minha Mocidade que, ao entrar na escola de elite em que o haviam matriculado, o professor quis ensinar-lhe a declinação da palavra latina "mensa" - mesa. O vocativo, explicou-lhe o mestre, seria usado se conversasse com uma mesa. O menino Churchill disse-lhe que não pretendia jamais conversar com uma mesa. Na discussão que se seguiu, Churchill acabou deixando a escola. E tomou uma decisão: não se dedicaria aos estudos de latim, nem de grego. Mas iria aperfeiçoar-se em sua língua, o inglês. E como se aperfeiçoou!

Bom, hoje vemos anúncios pedindo jornalistas com pós-graduação, domínio de duas ou três línguas, vivência internacional, e tudo por um salário que não paga nem os cursos. Funciona? Às vezes, funciona. Às vezes, dá coisas desse tipo:

1. "Oficiais da Federação Paulista de Futebol mostram total confiança (...)"

Official, em inglês, é alto funcionário. Em português, tem um monte de significados. E nenhum deles é o utilizado no texto.

2. (O jogador) "foi introduzido à torcida (...)"

Introduced, em inglês, significa "apresentado". "Introduzido" é outra coisa, mas deixa pra lá.


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